quarta-feira, 9 de setembro de 2009

LIBERDADE!

“Liberdade, palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda”. Cecília Meireles

O que é a liberdade? Ninguém pode explicar? Todos podem entender?

Cecília Meireles aponta para algo fundamental no que se pensa sobre liberdade, e que não é uma liberdade de estar correndo por aí solto, sem que ninguém te prenda, ou daquela que se pode fazer o que quiser. Parece mais com uma forma de liberdade aonde todos sabem como desejariam viver, mas ninguém consegue explicar porque não se vive como se deveria, por que alguns parecem ter mais liberdade que outros? Qual é a liberdade que se procura? Talvez essa frase possa se remeter à injustiça social que existe hoje e sempre existiu entre os chamados humanos, aonde poucos detêm grande parte do todo (dinheiro) e muitos detêm toda a parte do nada. E para que se mantenha esse status de riqueza de poucos alguma coisa deve acontecer, como, alienar as pessoas com falta de educação e conhecimento, cargas de trabalho altas para que esse povo não possa desfrutar de seu tempo livre, e até mesmo esse tempo livre sendo utilizado como ferramenta para a mídia televisiva, rádio, internet e diversas formas de diversão que ajudam a manter uma situação que não precisa de castas como na Índia para se determinar, mas somente a própria fumaça do marketing, e dos meios de dominação podem já dar conta de deixar os pobres onde estão presos à sua ignorância e alienação.

A liberdade que se procura é uma liberdade aonde todos tenham o mesmo direito às coisas que o homem produz, e assim ninguém poderá determinar o que uma pessoa quer, ela agirá com livre arbítrio, de acordo com aquilo que ela construiu socialmente, culturalmente, como aquilo que a agrada e a torna uma pessoa de verdade. Enquanto o homem não for capaz de tomar as suas próprias decisões ele não será livre. Se for moldado para uma sociedade opressora e assim achar que há justiça e que corre tudo bem não será então livre, estará preso e cego pelo brilho do da riqueza. Enquanto não houver justiça não haverá liberdade. O homem que pode viver tranqüilamente com o sofrimento de outrem é um tolo, como se aquilo estivesse tão longe que não o atingisse. A liberdade que se procura é a de poder acordar e se sentir humano, e saber de sua alienação e de que se está tentando fazer algo para que o mundo se torne melhor.

O pássaro é livre
na prisão do ar.
O espírito é livre
na prisão do corpo.
Mas livre, bem livre,
é mesmo estar morto.
(Carlos Drummond de Andrade)

Nestes versos onde o autor fala sobre liberdade ele coloca uma impossibilidade de ser livre em vida, num contexto em que se está sempre preso a alguma coisa. De fato os humanos se encontram sempre presos a determinações, determinações familiares, da sociedade, da cultura. E mesmo a liberdade tem significado distinto para cada pessoa, por exemplo, para um deficiente pode ser a liberdade por sair de casa, andar tranqüilamente pelas ruas, para um presidiário voltar par a sua casa para perto de sua família, para um intelectual, por exemplo, pode ser estar livre se determinações advindas de outros, livre de alienação. Para um poeta como Drummond só estando morto para se livrar do casulo da vida e das marcas que esta deixa em nós.

No preâmbulo da declaração universal dos direitos humanos o texto invoca um alto grau de humanidade e reconhecimento das pessoas, bem como traz diversos direitos, inclusive o da liberdade.

Preâmbulo

“Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo. Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum. Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tirania e a opressão. Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações. Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla. Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a observância desses direitos e liberdades.
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso”

Artigo 1º, Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.
Artigo 3º, Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Parece que a liberdade que se almeja está longe de ser alcançada, mas com certeza esta pode vir a ser uma realidade se cada um se esforçar e fizer o melhor modificando primeiro a educação de seu povo, para assim construir uma base sólida para todos os direitos enunciados na declaração, e que tantas pessoas sabem e desejam, viver num mundo aonde não há fome, miséria, guerras e tantas outras catástrofes. Enquanto pudermos ver a saída devemos seguir, enquanto houver luz no fim do túnel devemos lutar.

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